Sem premir-se a azeitona
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Sem premir-se a azeitona, Óleo não dará; Não se comprimindo as uvas, Vinho não destilará. Nardos, só quando esmagados, A fragrância têm; Fugirei dos sofrimentos Que do Teu amor provêm? |
Os sofrimentos Ganho são pra mim. Em lugar do que me tomas, Tu, Senhor, Te dás a mim. |
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Tu precisas compungir-me Para obter louvor? Para tal será preciso O tratar do Teu amor? Privação, Senhor, não temo, Se a Ti me levar. Plenamente eu me rendo Para Teu amor provar. |
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Envergonho-me do esforço De me resguardar. Inda que tens-me esculpido Eu resisto ao Teu tratar. Pelo Teu querer, Senhor, vem Trabalhar em mim; Não segundo meus desejos, Faz o que Te apraz assim. |
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Apesar do que eu penso, Cumpre Teu querer; Se Teu gozo traz-me dores, Inda vou “amém” dizer. Mesmo a sofrer, almejo Sempre Te agradar; Mesmo que Teu gozo e glória Façam-me a cruz tomar. |
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Mesmo em lágrimas, Te louvo, Tenho em Ti prazer; Cada dia és mais doce, Graças, pois, vou Te render. És a mim o mais precioso, Que mais tem valor? Que Tu cresças e eu decresça, Rogo hoje a Ti, Senhor. |